




Os fios mais resistentes são transplantados para a área calva, mantendo suas características originais.Como o implante corresponde a unidades da raiz do cabelo, o ciclo de crescimento
e os novos fios costumam nascer entre o 3º ao 5º mês após a cirurgia. (Fotos: Reprodução)
Tratamento clínico, complementar ou cirúrgico. Sempre há uma opção para cada caso ou estágio.
Sinal de força, virilidade e, por muitas vezes, também usado como arma de sedução, o cabelo pode ter grande repercussão psicológica na vida de homens e mulheres quando os fios começam a cair de forma crescente e desordenada.
Sejam quais forem as causas (distúrbios hormonais, anemia, estresse, doenças autoimunes e do couro cabeludo) ou a mais freqüente, a alopecia androgenética (andro: relação com os hormônios masculinos; genética: hereditariedade), o importante é saber que existe tratamento para cada caso ou estágio da calvície. Mas antes de escolher qual a conduta - tratamento clínico, complementar não-cirúrgico ou cirúrgico- o paciente deve ser avaliado por um médico dermatologista.
Avaliação clínica
Quando a perda de cabelos está em fase inicial, a avaliação clínica objetiva afastar as causas menos comuns e diagnosticar doenças do couro cabeludo, destaca o cirurgião plástico especializado em transplante capilar Márcio Crisóstomo, coordenador do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Filantrópico Paulo Sarasate (Redenção /CE) e diretor médico da Clin - Cirurgia Plástica, Dermatologia e Tratamento da Calvície.
“Com a ajuda de um miocroscópio digital (aumenta em 250 vezes a imagem), o médico pode fazer uma análise detalhada do couro cabeludo (enquanto o paciente assiste o exame por um monitor). A partir desta avaliação, podemos prescrever drogas orais e tópicos para parar ou diminuir a queda, cujas contra-indicações e a indicação é individualizada para cada paciente”, argumenta.
Os tratamentos complementares (não cirúrgicos) funcionam como uma segunda opção igualmente viável para combater a calvície. Entre as tecnologias mais recentes figuram o laser de baixa potência (LLL – Low level laser) e o LED (Light emmiting diodes). O LLL possui ação antiinflamatória, promovendo um aumento na microcirculação, com o aumento na oferta de oxigênio local, a luz do laser é absorvida pelas células ativando a multiplicação celular da raiz do cabelo, acelerando a velocidade de crescimento dos fios e da densidade. O LED faz uma fotobiomodulação com aumento no metabolismo e divisão celular e tem ação antiinflamatória.
“As técnicas são empregadas com sucesso tanto no tratamento complementar da queda em fases iniciais como no pós-operatório do implante, já que ambos promovem uma recuperação mais rápida, e nascimento precoce dos fios implantados”. É o que explica Márcio Crisóstomo, pesquisador do Departamento de Cirurgia da UFC, onde estuda novas opções para a solução nutriente que conserva as unidades foliculares à semelhança das soluções que conservam outros tipos de transplantes de órgãos.
Transplante
Em estágios mais avançados de calvície, ou quando o tratamento clínico não produziu os efeitos esperados em fases mais iniciais, o tratamento indicado é o microtransplante capilar ou implante capilar. Desenvolvida pelo um cirurgião plástico de Porto Alegre (RS), Dr. Carlos Uebel, a técnica se baseia no princípio de que os fios existentes na parte lateral e posterior são imunes aos efeitos da alopecia androgenética.
Estes fios mais resistentes são transplantados para a área calva, mantendo suas características originais, ou seja, são definitivos. Como o implante corresponde a unidades da raiz do cabelo, o ciclo de crescimento e os novos fios costumam nascer entre o 3º ao 5º mês após o procedimento cirúrgico. Depois que nascem crescem um centímetro por mês. O resultado final pode ser observado após um ano.
Identificada a área doadora, o procedimento tem início com a retirada de uma faixa de couro cabeludo contendo os cabelos com espessura de aproximadamente 1,5cm. A extensão é variável uma vez que depende do grau de calvície a ser tratado, podendo estender-se de orelha a orelha em casos mais severos. Após a retirada dos cabelos a região é suturada (os pontos são absorvíveis), resultando em uma cicatriz muito discreta pois é encoberta pelo cabelo remanescente.
Para que a cirurgia tenha sucesso, descreve Dr. Márcio Crisóstomo, “é fundamental que o cirurgião utilize sua experiência e senso artístico para desenhar uma linha anterior natural, pois é a partir desta linha que os fios serão implantados”. E complementa: “a linha anterior deve ser desenhada de forma que fique a mais parecida possível com a linha anterior de uma pessoa não calva, ou seja, de forma irregular e mantendo as entradas naturais do paciente. Este desenho é essencial, pois se a linha anterior não ficar natural pode comprometer o resultado e prejudicar futuros implantes”, diz o médico que realizou residência e pós-graduação durante três anos no serviço do Prof. Ivo Pitanguy, no Rio de Janeiro.
A faixa de couro cabeludo retirada da área doadora é tratada por uma equipe devidamente treinada pelo cirurgião-chefe que, com o auxílio de microscópios e lentes de aumento apropriadas, dividem este couro cabeludo em finas porções ou unidades foliculares (UF), cada uma contendo de 1 a 4 fios de cabelos. Estas unidades são conservadas em soluções nutrientes até o momento em que os cabelos são implantados. “É essencial uma equipe bem treinada no preparo das Ufs para que o implante não tenha o aspecto artificial (ou algo parecido com “cabelo de boneca”), fato freqüente nas técnicas mais antigas.
O cirurgião realiza o implante das unidades foliculares na área calva seguindo o traçado da linha anterior previamente desenhada por ele. Com lâminas microcirúrgicas, o cirurgião produz incisões puntiformes onde são colocadas as UFs (o procedimento não resulta em cicatrizes). Segundo explica Márcio Crisóstomo, a direção do implante deve seguir o sentido natural de crescimento dos fios, sendo a densidade a maior possível para que o implante não fique com aspecto mais “ralo”.
As unidades mais finas (contendo um e dois fios) são colocadas na linha de frente, conferindo um aspecto natural na parte frontal da cabeça, enquanto as unidades com 3 e 4 fios são dispostas na área posterior, conferindo volume e movimento ao cabelo. Esta fase do processo é feita simultaneamente ao preparo das UF, com duração de cerca de 5 a 6 horas. Neste tempo, informa, são implantados cerca de 5 a 6 mil fios, sendo o trabalho conduzido por uma equipe de sete ou oito profissionais, no caso dos procedimentos realizados na Clin, em Fortaleza.
O procedimento é realizado em hospital, com toda a segurança que um procedimento cirúrgico requer, inclusive com o acompanhamento de um médico anestesiologista para fazer uma leve sedação que mantêm o paciente tranqüilo e estável durante todo o procedimento. Após a sedação, o procedimento cirúrgico é todo feito com anestesia local para a retirada dos fios e na área calva.
Como em toda a cirurgia, os cuidados pós-operatórios são igualmente importantes. No dia seguinte à cirurgia, o paciente vai á clínica onde tem os cabelos lavados sendo orientado sobre como lavá-los em casa, ocasião em que é feita a primeira aplicação de laser e LED. “Utilizamos essas tecnologias de rotina no pós-operatório com o objetivo de reduzir o processo inflamatório da cirurgia, aumentar a circulação local, a velocidade de crescimento dos fios e a densidade. Além deste tratamento medicações orais e loções para aplicar também são prescritas. Em 48 horas o paciente pode retornar às suas atividades cotidianas”, informa o cirurgião plástico.
FIQUE POR DENTRO
Queda atinge mais região frontal e superior
O mecanismo da queda na alopecia androgenética acontece da seguinte forma: o hormônio masculino (testosterona) é metabolizado no organismo e uma das suas divisões - a DHT (di-hidro-testosterona) - atua no folículo piloso de áreas geneticamente pré-dispostas (determinadas pela hereditariedade) fazendo com que os folículos fiquem miniaturizados, até a sua queda definitiva e irreversível.
Essa queda de cabelo segue um padrão e acomete áreas na região frontal e superior da cabeça em níveis diferentes em conformidade com o que é determinado geneticamente. Essa perda de cabelo pode variar desde as formas mais leves, com pequenas e discretas entradas, até as mais severas, onde sobra somente uma pequena faixa de cabelo nas laterais da cabeça e na nuca.
A razão pela qual os fios de cabelo da parte lateral e da nuca nunca caírem, é que os mesmos possuem uma origem embriológica diferenciada dos fios existentes na parte superior da cabeça, sendo imunes aos efeitos da alopecia androgenética. Este fato é extremamente importante para o sucesso no transplante de cabelos, que utilizam os fios desta região por serem justamente os mais resistentes, ou seja, são considerados definitivos.
DADOS
50% dos homens têm algum grau de calvície. A alopecia androgenética costuma surgir entre os 20 e 30 anos, sendo mais freqüente a partir dos 40 anos. Os dados são da literatura norte-americana.
DADOS
"Os alisamentos muito vigorosos podem gerar queda em quem já tem tendência´ 'O ideal é procurar um dermatologista para orientar sobre o shampo, como lavar os cabelos e a freqüência´"(Márcio Crisóstomo, Cirurgião plástico)